segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Palingenesia na Bíblia - Por José Reis Chaves



O vocábulo palingenesia, em grego e em várias línguas, significa retorno à vida, viver de novo ou reencarnação. Recomendamos, pois, a consulta nos dicionários de português e outras línguas sobre essa palavra pouco difundida na cultura religiosa cristã, exatamente porque ela significa reencarnação.

No Novo Testamento, esse vocábulo aparece por duas vezes (Mateus 19: 28; e Tito 3: 5), mas ele foi traduzido erroneamente  por regeneração, com a intenção escandalosa dos tradutores de esconderem a ideia da reencarnação ou de novo nascimento carnal. 

José Reis Chaves - Foto: You tube


“O que é nascido da carne, é carne” (João 3: 6). Aliás, essa adulteração, por si própria, prova a realidade bíblica da reencarnação, que foi feita depois que os teólogos do Concílio Ecumênico de Constantinopla (553) condenaram essa doutrina. Até esse concílio, ela, com outros nomes, era aceita pela Igreja. 
(Mais detalhes em nosso livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, editado também em inglês nos Estados Unidos). 

E lembramos que, de fato, a regeneração acontecerá, mas é exatamente depois de muitas palingenesias. Portanto, como diz o dito popular, “colocaram o carro na frente dos bois!”

E eis outro exemplo de traduções falsificadas, já bem conhecido também de muitos de meus leitores em O TEMPO: a troca da preposição “em mais o artigo a” (na) por “até mais à”. 

O texto correto é: “...Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos na terceira e quarta geração...” (Êxodo 20: 5), o que confere com a Vulgata Latina de são Jerônimo (início do quinto século), lê-se “in tertiam et in quartam generationem” (na terceira e quarta geração). 

O texto falsificado ficou assim: Deus zeloso, que visito iniquidade dos pais nos filhos “até à terceira e quarta gerações”, quando o correto já mencionado é: “Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos “na terceira e quarta gerações.” 

O espírito, frequentemente, reencarna nos seus descendentes familiares,  mas não necessariamente. E, na terceira e quarta gerações (dos netos e bisnetos), os avós e bisavós já desencarnam, e seus espíritos, já livres, podem reencarnar num de seus descendentes.  

Recomendo verificação desse texto nas Bíblias de 1930 para trás, quando  ele era traduzido ainda corretamente para o português. E foi exatamente por causa do avanço da reencarnação e do espiritismo, que essa passagem bíblica e outras foram adulteradas com o objetivo de ocultar as doutrinas espíritas bíblicas.

 E geração na Bíblia não é só de descendentes consanguíneos, mas também do espírito. Cada geração dele é uma reencarnação. O próprio exemplo, que acabamos de ver, demonstra-nos essa grande verdade não comentada pelos líderes religiosos que são contrários à reencarnação. 

Vejamos outros textos bíblicos: “Mas, a quem hei de comparar esta geração?” (São Mateus 11: 16); e “Faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.” (Êxodo 20: 6). 

Geração, nessas passagens, não é uma referência aos filhos, netos e bisnetos de alguém, mas às pessoas contemporâneas de Jesus, nas quais seus respectivos espíritos estavam reencarnados. 

Na última citação: “até mil gerações”, que importância haveria para uma pessoa que é a milésima descendente consanguínea de alguém? Trata-se mesmo, pois, da reencarnação coletiva daquele povo contemporâneo de Jesus.

Estudemos a Bíblia, mas sem a imposição das viseiras dos líderes religiosos contrários à palingenesia! 

Por José Reis Chaves - 
 
Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas
Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte
Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes
espiritualistas
Apresentador  do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior
Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova
Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a
Editora Chico Xavier.
E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na
Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos
lançados também em inglês nos Estados Unidos.


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